domingo, 10 de junho de 2007

Gabo e os direitos humanos

por Marcela Wolter

Ano de comemorações de Gabriel Garcia Marquez, onde milhões de instituições e foruns internacionais estão o homenageando por suas datas comemorativas, não podemos deixar de ressaltar e homenagear também seus feitos no campo da defesa dos direitos humanos.

Desde antes de se consagrar o grande escritor latino americano, ainda como jornalista, Gabo, como assim é chamado carinhosamente, já realizava excelentes trabalhos a favor dos direitos humanos. Seguiu a Revolução Cubana fazendo reportagens e criou junto com Fidel a Prensa Latina, agência de notícias de Cuba, sempre escrevendo artigos em defesa da igualdade. Publica dois textos de ficção que descrevem a realidade do povo latino americano e em 1965 ganha o Prêmio Nacional de seu país.

Já consagrado com o livro "Cem anos de solidão" e como sempre consciente de sua responsabilidade como intelectual de prestígio se converte a embaixador extraoficial do continente e se dedica mais ativamente a defesa dos direitos humanos e começa a estreitar laços com mandatários da América Latina de ideais progressistas, tais como, Fidel Castro, Torrijos, Carlos Andrés Pérez, os sandinistas, entre outros. É através de seu reconhecimento de escritor universal que Gabo aproveita para se dedicar a um trabalho político como mediador em conflitos e como gestor em causas sociais importantes.

Em 1974, é nomeado vice presidente do Tribunal Bertrand Russell, organização instituída para defender os direitos humanos. Nos anos seguintes luta com Omar Torrijos para devolver o canal do Panamá aos panamenhos e com seu amigo escritor Julio Cortázar pela causa dos revolucionários sandinistas em Nicarágua. Em 1979 participa da Comissão Internacional sobre os Meios de Informação e Comunicação organizada pela UNESCO.

Mas o seu principal compromisso sempre foi com a paz em seu país, participando de todas as reuniões de trabalho entre os revolucionários e o governo, apesar de todas sempre terem fracassado. Ao receber o prêmio Nobel em 1982 ratifica todas as suas opiniões de esquerda e sua luta pela dignidade em seu discurso com referências ao governos ditatoriais da América Latina, ao etnocídio, a morte de milhões de crianças, a migração por conflitos militares e defendendo a autodeterminação dos povos.

Em dezembro do ano passado foi nomeado presidente honorário da Fundación América Latina en Acción Solidaria, cujo objetivo é conscientizar a população sobre a emergência social que vivem milhões de crianças do continente, promovendo o direito aos grupos mais vulneráveis e elaborando propostas alternativas que apontem uma ajuda concreta na luta contra a pobreza.

É por isso que Gabo tem que ser condecorado não só pelo seu trabalho literário, mas também por promover ideais e lutar pelos excluídos. Ainda mais nesse tempo onde nem os intelectuais se importam com isso.

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